9ª caminhada diurna: o Vale do Lapedo
Apesar do Vale do Lapedo ter ganho projeção nacional (e internacional) em 1998, após a descoberta do esqueleto da criança que, recorde-se, se revelou uma hibridação entre o homem moderno e o homem de neandertal, a zona já era bem conhecida no meio ambientalista.
Em 1996, escrevia o Professor Galopim de Carvalho: “Nos terrenos calcários dispostos em camadas horizontais escavam-se, em geral, vales de paredes quase verticais, às vezes muito profundas – as gargantas ou canhões -, o que acontece devido ao pouco trabalho de erosão das vertentes, uma vez que nestas rochas a infiltração é máxima, não havendo praticamente escorrência e, portanto, recuo. Por outro lado, a elevada coerência do calcário e a horizontalidade das camadas são factores favoráveis à manutenção do abrupto. A ribeira da Caranguejeira, a leste de Leiria, apresenta belos exemplos de canhões, sem contudo terem as dimensões gigantescas, por exemplo, dos grandes canyons do Colorado.”
Depois da controvérsia gerada em torno das implicações científicas da descoberta da criança do Lapedo, outras polémicas surgiram no local: as questões relacionadas com a defesa do interesse comum e do património público entram em conflito com a defesa da propriedade privada e dos interesses particulares. De forma cíclica o Vale do Lapedo aparece nas páginas dos jornais locais, quase sempre por maus motivos. O que é certo é que, de ano para ano, a paisagem do Lapedo tem vindo a ser descaracterizada.
Enquanto é tempo, partimos à descoberta deste local mágico!
No que a borboletas diz respeito, o destaque vai para a Zygaena fausta, uma espécie marcadamente calcícola que, na nossa região, parece aparecer apenas na zona do Lapedo e na Serra do Sicó.
Mas, não foi apenas a Z. fausta a captar a atenção das nossas objetivas… :)
Com: Adília, Alexandrina, António, Armando, Ascensão, Aurélio, Carlos, Cristina, Dina, Felisbela, Fernanda, Hugo, Ivone, Gonçalves e Paulo.