3ª caminhada diurna: o Vale dos Poios
Num dia em que as temperaturas máximas atingiram quase os 40ºC, escolhemos fazer a nossa 3ª caminhada para observação de borboletas diurnas no Vale dos Poios, junto à Redinha.
O caminho de acesso ao Vale encontra-se bastante humanizado, ladeado por terrenos aproveitados por uma agricultura tradicional, de subsistência, revelando a pobreza destes solos calcários e as óbvias dificuldades no estabelecimento de povoações nestas regiões áridas.
As bermas dos caminhos, porém, revelam uma profusão de espécies de plantas e de insetos que os 10 participantes nesta atividade não hesitaram em registar.
No que a borboletas diz respeito, nesta primeira fase do nosso percurso, abundavam as Pyronia cecilia (Vallantin, 1894) e as Gonepteryx cleopatra (Linnaeus, 1767). Alguns pequenos e rápidos hesperídios também esvoaçavam pelo local: Carcharodus cf alceae (Esper, 1780), Thymelicus acteon (Rottemburg, 1775) e Thymelicus sylvestris (Poda, 1761). Os licenídeos estavam representados pela Aricia cramera Eschscholtz, 1821 e pela Satyrium esculi (Hübner, 1804).
Quando, finalmente, chegamos à entrada do Vale, a paisagem muda de forma radical. O planalto dá lugar a um imponente canhão fluviocársico escavado nos calcários do Bajociano (Jurássico Médio) da Serra do Sicó. As diversas grutas e cavernas que ocorrem na zona têm vindo a revelar uma antiga ocupação humana deste local, desde o Paleolítico Superior, há cerca de 20.000 anos. Nos dias de hoje, porém, a inacessibilidade destas paredes rochosas quase verticais, fazem deste um local ermo, visitado apenas pelos praticantes de escalada ou por aqueles que, apaixonados pelo mundo natural, procuram um contacto próximo com a Natureza no seu estado mais puro.
O nosso grupo não foi fazer escalada… :-)
A diferença de habitats vai-se tornando cada vez mais notória conforme vamos descendo o vale. As espécies que agora encontramos revelam caraterísticas de bosques mais mediterrânicos e primitivos. As G. coleoptera continuam a ser uma constante mas, agora com diferente companhia: Lampides boeticus (Linnaeus, 1767), Laeosopis roboris (Esper, 1789), Pieris napi (Linnaeus, 1758) e Leptidea sinapis (Linnaeus, 1758). Aqui e ali, duas rápidas Zygaenas voaram antes da fotografia ou de uma tentativa de identificação.
Além das borboletas já referidas, ainda foi possível observar: Idaea ochrata (Scopoli, 1763), Pyronia bathseba (Fabricius, 1793), Melanargia lachesis (Hübner, 1790), Colias croceus (Fourcroy, 1785) e Pontia daplidice (Linnaeus, 1758).
No total, foram observadas cerca de 20 espécies distintas. Nada mal para um percurso com menos de 2 km e não mais de 2h de caminhada. 38ºC era a temperatura que os termómetros marcavam quando demos a atividade por terminada!
Com: Adília, Alexandrina, Aurélio, Carlos, Dina, Gonçalves, Hugo, Isaías, Paulo, Vítor
Excelente trabalho!
Está de parabéns todo o grupo mas, principalmente, o Carlos, como dinamizador e organizador do evento.
Parabéns Carlos Franquinho excelente trabalho e organização aos participantes pelas belas fotos.
Se após cada deslocação houver descrições desta natureza, escrita e fotográfica, ter-se-á que se editar um livro!…
Para já, vamos ficando pela beleza da paisagem, riqueza histórica, cultura botânica/zoológica, conhecimento mais aprofundado em lepidopterologia, treino físico, contacto social e libertação diversa!…